Vereadores desviaram R$ 1 milhão com ‘funcionários fantasmas’ no Grande Recife

 Vereadores desviaram R$ 1 milhão com ‘funcionários fantasmas’ no Grande Recife

Chega a R$ 1 milhão o valor desviado com a contratação de “funcionários fantasmas” na Câmara Municipal do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Os detalhes da Operação Ghost foram divulgados na noite de ontem (20) pela Polícia Civil. Na quarta-feira (19), cinco vereadores foram afastados por suspeita do crime de peculato, ou seja, desvio de dinheiro público.

A operação foi deflagrada pela Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). As investigações começaram em março de 2017, poucos meses após os vereadores assumirem a gestão do pleito de 2016.

Segundo a polícia, o dinheiro público era desviado através de um esquema que envolvia seis pessoas contratadas para cargos comissionados, que repassavam os salários para os vereadores e ficavam com uma parte do dinheiro, mesmo sem trabalhar efetivamente na Câmara Municipal.

Os vereadores investigados são Mário Anderson da Silva Barreto (PSB), também chamado de Anderson Bocão; Gessé Valério de Oliveira (PR); Amaro Honorato da Silva (PRP), conhecido como Amaro do Sindicato; Neemias José Silva (PV) e Ezequiel Manoel dos Santos (PT).

Na Câmara do Cabo de Santo Agostinho, há 17 vereadores. Três dos parlamentares afastados pela operação faziam parte da mesa diretora do Legislativo municipal. Anderson Bocão ocupava a presidência, Ezequiel exercia a função de primeiro vice-presidente da Câmara e Amaro era o 1º secretário.

Os comissionados são: José Cláudio da Silva, Gleibson José Campos da Silva, Josefa Severina de Santana, Rafael Faustino Ferreira, Isabelle Mirella Ribeiro e Nivaldo José Ferreira. Segundo a polícia, o esquema contava ainda com a participação de Iranildo Francisco de Lima, que atuava como “operador”, recolhendo os salários.

De acordo com a delegada Patrícia Domingos, da Delegacia de Polícia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), os seis “funcionários fantasmas” foram vigiados por equipes da polícia, durante um período de tempo no qual ficou comprovado que eles não atuavam no Legislativo municipal.

“As investigações não foram concluídas, mas os indícios apontam que os vereadores ficavam com a maior parte dos salários e essas pessoas ‘emprestavam’ os nomes para a folha de pagamento. Escolhemos investigar comissionados de vários vereadores. As pessoas foram monitoradas durante alguns dias e confirmamos que elas não prestavam serviços à Câmara. Durante o expediente, elas podiam fazer trabalhos externos e alguns têm trabalhos fixos em empresas privadas”, disse a delegada.

Ainda segundo Patrícia Domingos, as pessoas investigadas sabiam que eram utilizadas como funcionários fantasmas no esquema de desvio. “Perguntamos a um dos comissionados o porquê de ele, que ganhava mais de R$ 9 mil na Câmara, precisava trabalhar como vendedor de colchões, com um salário de R$ 1.100. Ele disse que era para complementar a renda. Acreditamos que todos os comissionados sabiam que o nome deles era utilizado como ‘fantasmas’ na Câmara, porque todos, ao serem interrogados, confirmaram que trabalham no local”, complementou a delegada.

O promotor de Justiça Henrique Souto Maior informou que o Ministério Público recebia informações sobre a prática de peculato no município desde a gestão anterior às eleições de 2016, mas a operação se restringiu ao biênio que começou em 2017.

“Foi feito um pedido de bloqueios de bens e de perda dos bens obtidos ilicitamente para o ressarcimento dos valores desviados. No Portal da Transparência, os comissionados recebem, em média, R$ 9.700. Os cargos são variados e os salários também, desde assessores parlamentares, assessores especiais e chefe de gabinete. O valor estimado, contando desde janeiro de 2017 até agosto de 2018, é por volta de R$ 1 milhão, nessa gestão, mas ele pode ser maior”, afirmou o promotor.

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